Quando quis uma moto aos 16 anos meu pai disse não. Então escolhi ganhar uma viagem como estudante de intercâmbio aos EUA. Foi a melhor escolha, porque hoje a moto já seria sucata. Fui com o conhecimento de inglês do ginásio (menos que zero) e ...
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The book is on the table and more...

The book is on the table

Quando quis uma moto aos 16 anos meu pai disse não. Então escolhi ganhar uma viagem como estudante de intercâmbio aos EUA. Foi a melhor escolha, porque hoje a moto já seria sucata. Fui com o conhecimento de inglês do ginásio (menos que zero) e aprendi na marra, prestando atenção, ouvindo, lendo... e passando vergonha, quando a "mother" da família onde eu ficaria disse, no caminho do aeroporto à casa, que eu iria dormir no mesmo quarto de seu "son", que no meu vocabulário capenga era "filha". UAU! Que povo avançado! Minha alegria terminou quando cheguei do aeroporto e aprendi que "son" significava "FILHO". No meu inglês de brasileiro sempre achei que WC significava banheiro. Então da primeira vez que levantei a mão na classe da high school para pedir à "sister" (sim, uma freira, escola católica) para ir ao banheiro ela não entendeu o que eu queria. Você já tentou falar a letra W em inglês? Trava a língua. Então, com a aula parada e todas as atenções em cima de mim, ela veio até minha carteira e apontei com o dedo a palavra "WC" em meu dicionário de bolso (ainda não existia smartphone). Ela deu uma gargalhada e disse bem alto para me humilhar: "AH! VOCÊ QUER IR AO BANHEIRO?!". Quando voltei ao Brasil, muitos colegas que foram na mesma turma (viajamos num Boeing 707 só de estudantes) nunca se interessaram em manter o que aprenderam do inglês e acabaram perdendo. Eu passei a ler tudo o que podia em inglês e a fazer traduções, mesmo capengas, sempre que solicitado. Ainda em minha fase bicho-grilo na faculdade eu me correspondia com uma comunidade de hippies ("The Farm") no Tennessee e me ofereci como tradutor. Eles enviaram um livro sobre parto natural para eu traduzir de graça, mas felizmente na hora de publicar preferiram a tradução de um médico brasileiro. Não me lembro de quantos erros minha tradução tinha, mas é bem provável que as mães que tivessem lido minha versão do parto natural teriam jogado fora a criança e criado a placenta. Tudo isso para dizer que se você quiser aprender Inglês o melhor curso que existe chama-se VONTADE. Naquele tempo não tínhamos tantos recursos além de livros e discos (ou fitas K-7), hoje existem cursos aos montes na Web, além da possibilidade de vídeos em inglês com legendas em inglês no Youtube para treinar. E não tenha medo de passar vergonha, porque de vergonha em vergonha aprendi e até tive um poema escolhido para ser publicado em um livro de poemas de estudantes de escolas americanas. Eu devia estar muito avançado mesmo para em 1972 escrever um poema chamado "Window" (toma essa, Bill Gates!!!).

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Blogterapia de 11 de Setembro - Mario Persona

Após os atentados do 11 de Setembro de 2001 eu passava por uma depressão pela queda de duas torres em minha vida: meu emprego e meu casamento. Nas madrugadas insones, como terapia, eu escrevia. Foi quando inventei um personagem fictício e parti para o Afeganistão em busca de Osama Bin Laden escondido nas cavernas de Tora-Bora. Escrevia em inglês porque ninguém iria acreditar que um jornalista brasileiro tivesse tal empreitada. 


 [25/12/2001 01:53 – É madrugada e trabalho só. Há noites digito, digito, digito, digito. Por um honorário de quatro dígitos, prometi cumprir o prazo: para ontem. Já nem sei se ontem é hoje ou se hoje foi amanhã. Fim de ano é magro para consultoria, mas este está obeso. Estou exausto. A família viajou. Preciso viajar, nem que seja na maionese. Escrever! É o que vou fazer. Ficção? Por que não? Olho para minha coleção do Malba Tahan, edição original de 1953. Do pseudo-árabe do deserto, que nunca pisou outras areias além de Copacabana. Já sei o que fazer.] Escrever é uma terapia. Kathleen Adams, criadora do "The Center for Journal Therapy", fala da escrita de reflexão como uma forma de melhorar a saúde mental, física e emocional. Externar seus problemas, preocupações e conflitos através da escrita é uma terapia eficaz. Faz do mero diário algo mais do que um texto que ninguém lê. Ajuda a soltar os cachorros e lavar a égua. Faz bem. 

 [25/12/2001 02:15 – Os americanos trabalham como toupeiras, atrás de Bin Laden nas cavernas de Tora Bora, Afeganistão. Vou viajar para distrair. Não vou de American Airlines. Vou de Hellman’s Airlines, disfarçado por um pseudônimo. Se Júlio César de Mello e Souza era Malba Tahan, serei Ali Kilabah. Ao contrário do "Homem que Calculava" – sei contar, mas não números – sou um jornalista árabe, escrevendo em inglês ruim e sem revisão. Como um árabe escreveria sob pressão.] A diário-terapia não é novidade. Anne Frank já fazia isto no diário que escreveu para ninguém ler e todo mundo leu. A adolescente expunha seus medos, sonhos e anseios. Em 15 de julho de 1944 escreveu: "…sinto que tudo irá mudar para melhor, que esta crueldade também acabará… preciso me apegar aos meus ideais… talvez um dia possa colocá-los em prática". Anne foi morta por ser judia. Seu diário foi seu bálsamo, enquanto sonhos e amigos viravam fumaça. Literalmente. 

 [26/12/2001 00:26 – Pronto! O blog "The Tora Bora Manuscripts" – diário eletrônico de Ali Kilabah – está no ar para ninguém ler. O jornalista acompanha o exército americano às cavernas de Tora Bora e descobre manuscritos secretos e milenares. Depois? Depois eu invento algo. Começar a escrever já aliviou a tensão e abriu a imaginação. Levo meus neurônios para surfar nas ondas do imprevisto com a prancha do improviso. Êpa! Não consigo mais acessar meu blog! E não está pronto… O que aconteceu?] Se já existisse a Internet, Anne Frank teria escrito um blog. A terapia seria a mesma, mas ela teria, em suas informais mãos, o quarto poder da informação. As mesmas palavras que curavam seus medos e receios seriam sussurradas on-line em tempo real. Viajariam à velocidade do pensamento por arames nada farpados. Se não pudesse deter a crueldade, ao menos ajudaria a pensar as feridas isoladas de muitas Annes.  

[26/12/2001 02:05 – Descobri. Os servidores do Blogger.com foram invadidos. Agora está normal, mas meu blog não. Vou refazer. Bio e foto do fictício jornalista, um fragmento do manuscrito, mapa do Afeganistão e uma notinha no final: "Ali Kilabah é personagem fictício, pseudônimo do autor. Inclui ficção, fatos e opiniões pessoais." No início, uma brincadeira no estilo Welles, da radiofônica "Guerra dos Mundos": "Acabei de publicar este diário e os servidores do Blogger.com foram hackeados. Será uma conspiração tentando me impedir? Você decide". Bocejo um sorriso e vou dormir.] 

 [01/01/2002 04:47 – Madrugada do ano novo. Que susto! O contador de páginas parece bomba de gasolina. Quase dois mil visitantes únicos na virada do ano! Rastreio, para ver de onde vêm. Fóruns e listas de discussão, um jornal on-line na Rússia, outro na Itália e blogs. Vários blogs. Minha diário-terapia virou um "buzz", caiu na boca do povo. Ou ‘caiu no blog do povo’, só para registrar o neologismo. Nossa! Será que este barulho é o FBI cercando o prédio? É melhor ir dormir.] 

Salto nas visitas ao blog!!!


[11/09/2021 11:46] - O blog "The Tora Bora Manuscripts" continua no ar. Meio desatualizado, pois desde então viajei em outros textos. A história ficará incompleta, até alguém me estressar de tanto serviço na próxima virada do ano. Então Ali Kilabah pode voltar à ação. O que aconteceu com o jornalista enquanto isso? Sei lá… talvez esteja fazendo uma crônica-terapia como esta, só para variar.

Seguem discussões e comentários gerados por este blog na época: 

As soon as I published this journal at Blogger.com its servers were hacked. I believe it is a conspiracy perpetrated by the enemies of the TRUTH, trying to stop me. A lame but amusing hoax? Or dangerous and ancient secrets that will blow things wide open? posted by _________ at 9:13 AM PST (16 comments total) . 

A lame but amusing hoax? Or dangerous and ancient secrets that will blow things wide open? And what’s the difference? posted by _________ at 9:26 AM PST on December 30 

Obviously true. That book clearly has a curse on it, and any one who touches it, or even mentions it, comes to harm. You were forced by the curse of the book to double post. Damn. Now I’ve gotten myself into the loop, and the}re}}’s no7~~~ w*&h }}}}}}}}}}}}}}}} NO CARRIER posted by _________ at 9:29 AM PST on December 30 

 He’s also defending his veracity here. posted by _________ at 9:35 AM PST on December 30 

 Yea, right! Actually I think the writer is David Belfield aka Hassan Tantai, the American assassin who offed Ali Akbar Tabatabai (former Iranian diplomat) in 1980. Hassan is starring in the new Iranian hit movie Kandahar and is a wanted man in the US. posted by _________ at 9:43 AM PST on December 30 

 just fyi… the orginal site still exists at blogspot. The truth supressors didn’t manage to tear it down, I guess. posted by _________ at 9:49 AM PST on December 30 

 This is one of those rare occasions when I’d like to know where the poster first encountered the link. Right now, it looks like some weblogger’s just screwing around. posted by _________ at 10:09 AM PST on December 30 

 A journalist who doesn’t want to publish a huge scoop because it will ruin their reputation… posted by _________ at 10:45 AM PST on December 30 

 For a backward Afghan journalist he’s got a good eye for aesthetics and he’s pretty handy in HTML. Plus he’s decided to put his site up at Port5 and Blogspot, not Geocities.af … posted by _________ at 10:54 AM PST on December 30 

 As the old joke goes, "My wife yelled at me and made me stop watching the X Files. They must have gotten to her". posted by _________ at 11:05 AM PST on December 30 

 If you look towards the bottom of the page, he also took the time to join some webrings. If his information is so world-changing, hits would be the last thing I’d think he’d be worried about. posted by digital_insomnia at 1:10 PM PST on December 30 

 He lived in Joplin, MO in 1972, when McGovern was shot? He wasn’t reading the papers very well. My vote is that this barely reaches shaggy-dog story level. For a journalist, he sure has a way of burying his lead. Three pages in and I haven’t a clue what the big secret is. posted by _________ at 2:39 PM PST on December 30 

 What don’t the ancients know?! Its sad that the illuminati had to take down blogger just to keep this little secret from getting out. How they let Nostradamus get through the cracks is beyond me. posted by _________ at 3:34 PM PST on December 30 

 This is Better. posted by _________ at 6:25 PM PST on December 30 

 For a backward Afghan journalist he’s got a good eye for aesthetics and he’s pretty handy in HTML. Plus he’s decided to put his site up at Port5 and Blogspot, not Geocities.af … Well I’m not sure he has. Look here. posted by _________ at 7:02 PM PST on December 30 

 What? Sara’s using bloggertemplate59 same as our mystery journalist. It’s just a canned template available to all and sundry… posted by _________ at 8:29 PM PST on December 30 

I guess no-one will ever read this, but I felt there should be a comment here – I (and I guess others posting here) got an email from Ali Kilabah explaining that this is indeed fiction. If you go here and scoll down a bit you’ll see: The truth is I am a writer, besides other things, (it is true I am not American), and Ali Kilabah is a personage and also my alias for this story. The Tora Bora manuscripts is an ongoing story that mixes real facts from the news (you might recognize the photographers arrested by the tribesman, the manifestation in Islamabad, etc.), some really ancient information I want to pass on (a kind of excerpt of the information from a book I translated from English ten years ago), and a fiction personage (Ali Kilabah) to wrap it up in one story. I had just published it on Blogger when it got hacked, so I decided, just for fun, to write that introduction and leave the idea the hacker was trying to stop Tora-Bora’s manuscripts of being published. You know how blogs are, the great majority of them are usually forgotten corner on the web, read only by those who write them and their mothers. I thought mine would be so, except that my mother does not use the Internet. But things were not so, and this is the wonder of the Web. Besides you, some other people found it and between Dec 31st and Jan 1st, almost one thousand unique visitors had came in, consuming 63 Mb of the 100 Mb Port5.com would allow me to use. So I moved it back to Blogger.com in a new address torabora.blogspot.com (I am still unable to log in the original tora-bora.blogspot.com after the hacking, because my password does not work). As he said in the email: "a home-made personal fantasy spread more than I’d expected"… posted by _________ at 2:40 PM PST on January 5


Mario Persona é palestrante de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional. Seus serviços, livros, textos e entrevistas podem ser encontrados em 
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Infodifusão — A mídia ao rés do chão

Minha amiga estava apaixonada. O americano seria o par ideal. Ele pensava o mesmo ao escolher a primeira poltrona do voo que o faria chegar primeiro ao Brasil. O voo voou e ele achou que foi o amor. O piloto dizia ser vento de cauda. Não via a hora de pedir, ao pai da garota, a mão e tudo o que estivesse ligado a ela.
Foi só colocar os pés no chão e descobriu o Brasil. Do português ele não sabia nem piada. Até "Brazil" só sabia falar com "z". Nem dava tempo de estudar. Qualquer curso, por mais dinâmico, intensivo e inventivo, seria incapaz de competir com a velocidade da paixão. Coisas do coração.

O futuro sogro queria ouvir português claro. Não deixaria ir a filha nem o resto dos cabelos, sem todos os pingos nos "is". Além das crases, cedilhas e tils, cuja falta faria acentuar ainda mais os caracteres da fronte grave do circunflexo e itálico ancião.

Se comunicação era um problema para o jovem do norte, hoje é uma questão que envolve pontos mais cardeais. Principalmente numa época em que o norte não mais norteia e o ocidente morde a língua em meio à confusão que permeia de tantas línguas, povos e costumes que ganham voz.

O poder da infodifusão — o broadcast universal — outrora privilégio de magnatas, desceu ao rés do chão. Ora, veja você — ouça você, leia você — a mídia caiu no colo do mais comum cidadão. Quem de globo ontem só tinha o ocular, hoje pode ser nacional sem ser jornal. Qualquer cidadão.

Minha mãe dizia que eu seria escritor, mas como poderia sem ter um editor? A única coisa que tinha em comum com a mídia inacessível aos pobres mortais era meu apelido de infância: "Marinho". Era um tempo em que as crianças aprendiam a escrever. Hoje crianças aprendem a publicar.

Acabo de receber um e-mail do editor de um boletim eletrônico semanal dizendo que minha coluna publicada ali está entre as mais lidas. Tiragem? Mais de um milhão de exemplares semanais enviados a assinantes. E já nem sou mais Marinho.

O privilégio não é só meu. Qualquer adolescente pode catalisar a atenção de uma audiência maior do que a de muitos jornais diários em seu despretensioso blog — seu diário na Web —  ou canal em mídia social. Mesmo que não tenha dinheiro para comprar um jornal.

Não é novidade que a audiência dos noticiários vem caindo. As pessoas não querem o fato, mas o tato. Cheio de cores e paixões, exatamente o que o adolescente consegue passar, à sua maneira e para a sua audiência.

A ânsia por um jornalismo imparcial gelou a alma do dito. Ninguém aguenta engolir fatos a seco, sem um gole de estilo, opinião e fantasia. Principalmente fantasia. Mesmo porque todos sabemos que não existe notícia imparcial. Só por alguém decidir se o fato é notícia já deixa de ser imparcial de fato.

O adolescente que fala de seu dia-a-dia em um blog ou canal caseiro de rede social consegue anexar a alma ao que escreve, fala ou pensa. Sem ser Big nem Brother, revela a intimidade da vida sem os esteroides de uma falsa informalidade. Notícia banal? Não mais do que aquela de ontem, que hoje jaz sobre o balcão do açougue, vestida daquela imparcialidade de estátua vendada que finge não estar vendida.

Enquanto a mídia convencional tenta resgatar audiência, uma nova geração doa o próprio sangue para as veias da informação. No ataque ao World Trade Center, quando ainda não existiam as mídias sociais atuais em vídeo, foram os blogs que bateram recordes de audiência transmitindo notas ao vivo enquanto tudo acontecia. Eram notícias digitadas por olhos úmidos que viam tudo em cores de uma janela sem comerciais.

A solução para a mídia convencional — antes que mude o que é ser mídia por convenção — parece estar, não no resgate da audiência, mas no resgate da alma. Não numa reles transcrição fria do "o quê, quem, quando, onde, como e por que", mas na tradução dos fatos,

É claro que essa tradução não deve fugir da fidelidade, ou vitimará incautos, como vitimou o jovem e americano apaixonado pela brasileira, longe dos atentados, mas nem por isso sem correr riscos perto de um futuro cunhado. Foi este quem traduziu o que o gringo devia dizer ao futuro sogro para pedir a mão da donzela.

Antes de entrar na sala, o americano decorou outra vez. Quando todos fizeram aquele silêncio de zunir, encheu o peito, tomou coragem, engoliu, olhou nos olhos do sogro, engoliu mais três vezes e caprichou no script ensinado pelo cunhado: "Sua careca é bonita".


Crônica atualizada, publicada originalmente em Janeiro de 2002 e reproduzida no livro "Gestão de Mudanças em Tempos de Oportunidades".

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Querida, meu site sumiu!

Depois de criar meu novo site no "Criador de Sites" da Locaweb descobri que as quase mil páginas de meu site original desapareceram. O Google ainda mostrava os links nas buscas, mas quando clicados dava página não encontrada. O "Criador de Sites", que é muito fácil de usar, simplesmente sequestra seu domínio e o coloca em outro servidor alterando as entradas da zona de DNS (agora você até achou que se falei bonito é porque entendo disso, né?

Aí bateu o desespero, porque meus clientes chegam até mim por buscas no Google e sou do tempo em que uma técnica para ser encontrado era escrever como Salomão, isto é, sobre os mais diversos assuntos, como descreve o Primeiro Livro dos Reis:


"E era a sabedoria de Salomão maior do que a sabedoria de todos os do oriente e do que toda a sabedoria dos egípcios. E era ele ainda mais sábio do que todos os homens... e correu o seu nome por todas as nações em redor. E disse três mil provérbios, e foram os seus cânticos mil e cinco. Também falou das árvores, desde o cedro que está no Líbano até ao hissopo que nasce na parede; também falou dos animais e das aves, e dos répteis e dos peixes." (1 Rs 4:30-33). 

Gastei um dia para ler todas as páginas da Internet (não estou mentindo, esta técnica de redação se chama hipérbole, pesquise) até descobrir como reverter aquilo. Descobri e transferi o site novo para um domínio que eu tinha meio largado num canto, o www.palestrante-mariopersona.com

Aí eu precisava consertar o prejuízo, pois meu site continuava invisível até quando eu clicava no endereço do domínio. Descobri que o tal do "Criador de Sites" altera o DNS e fui lá me meter a reverter a alteração, mas quem disse que eu entendo do babado? Só sei fazer pose, pois sou do tempo em que programa se fazia em Basic, banco de dados em Dbase II e site... bem, só existia em Portugal traduzido como "sítio", mas era um lugar de se criar galinhas, vacas etc.

Tinha chegado a hora de engolir o orgulho e pedir ajuda dos universitários, geralmente garotos com a idade de meu neto que trabalham no Help da Locaweb. Depois de virar o site do provedor no avesso encontrei um telefone que funcionou (porque dois outros diziam estar fora do ar). Um jovem muito atencioso me atendeu e mostrou onde eu tinha errado na reconfiguração do DNS (na verdade chefe que é chefe não erra, apenas comete um equívoco) e finquei o pé naquela postura do orgulhoso que diz: "Ah, é isso? Bem imaginei que seria assim...".

Depois de esperar até que os minions que fazem a Web funcionar voltassem a encontrar meu site, me alegrei por vê-lo novamente no ar, ainda que seja o modelo velho que já estava lá. Isto porque era do tempo em que palestrante precisava viajar para fazer palestras, pegar voos, perder voos, ficar em hotéis bons e péssimos, andar quilômetros sem fim no carro de algum motorista que foi habilitado ontem (sim, isso aconteceu) e ter dor no pescoço de tanto pestanejar em poltrona de avião e cadeira de aeroporto.

Agora minhas palestras são todas ao vivo ou gravadas, seguindo as normas do "novo normal" que é o melhor programa de engorda que alguém poderia ter inventado. As empresas já estão me contratando e com um sorriso no rosto, porque também seus custos com eventos despencaram, além de o palestrante não precisar de passagem aérea para ir do quarto à sala e se sentir mais confortável com seu banheiro consideravelmente maior que aquele do avião.

As mulheres nunca irão entender o que é fazer xixi com a cara colada na parede plástica encurvada do banheiro na lateral da cabine. Homens altos como eu precisam curvar a espinha para trás, para manter o hemisfério sul próximo ao vaso e o hemisfério norte com a nuca quase na porta. Mulheres são felizes por não precisarem ter uma próstata, que costuma trancar a cada solavanco do voo. Depois de uma certa idade ir ao banheiro durante o voo exige preparação, coragem e uma bexiga prestes a estourar.

Ah, é, eu estava falando de meu site. Então agora é tentar reformar meu site profissional para o novo layout que criei lá no "Criador de Sites", porém agora usando o Wordpress com Elementor que tenho instalados em meu domínio. Acabo de ter uma aula rápida de Elementor que uma alma caridosa publicou no Youtube, da qual já não lembro quase nada. Além disso eu sei que quando olhar para o Elementor, vou ouvir sua voz: "Decifra-me ou te devoro!". Ah Ah Ah... falou para a pessoa errada! Mal sabe ele que adoro desafios e dizer isso é o mesmo que dar um pontapé inicial no jogo. Começou a partida!

Aproveite para conhecer meu palco nos últimos sete meses:


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OK, LINUX, ISTO É UM ADEUS!

Eu bem que tentei, e até gostei de você. Rápido, seguro, firme nas curvas. Mas acho que estou um pouco velho para novas experiências. Afinal, eu conheci computadores no tempo dos TKs, Apples, MSX e PC de tela verde. Aprendi um pouco de Basic, programei em DBase II, e joguei os games novos que hoje são peças de museu. Até de DOS, que tinha no PC e no MSX, um computador que poucos sabem recebem o MS do nome da Microsoft, eu entendia e sabia me virar. Mas aí ouvi a música:  

"Olho a rosa na JANELA,
Sonho um sonho pequenino...
Se eu pudesse ser menino
Eu roubava essa rosa
E ofertava, todo prosa,
À primeira namorada.


E passei anos na janela, digo, Windows. Um SO (Sistema Operacional) feito para gente burra que não quer pensar, e não esse primor de SO que é o Linux, feito por nerds para nerds que sabem falar Klingon. Eu até insisti um pouquinho, mas nunca fui tão humilhado em toda a minha vida. Tudo bem que o notebook onde decidi instalar você só dava tela azul, mas agora acho a cor até bonita perto da humilhação que você, Linux, me causou. Sua mãe não ensinou que é falta de educação não escutar as pessoas? Pensa então em alguém como eu, palestrante, que ganho a vida falando, não conseguir falar com você?! Isso é muito descaso!

Será que o adolescente que te programou queria ficar tanto assim isolado da civilização que decidiu eliminar o microfone do notebook? Na era das lives e webinars um notebook sem microfone é como um telefone daqueles pretos só com a metade de cima. Eu podia ouvir você mas você não queria ouvir o som de minha voz, sua criaturinha desprezível! Tentei todos os mantras em Klingon que encontrei na web, porque no seu mundinho só consegue as coisas quem apela para a linha de comando, e mesmo assim continuei mudo e o notebook surdo.

Então é isso. Reinstalei o Windows que dava tela azul e estou esperando ele dar a próxima, aquela que vem com um sorriso deitado, para ficar grato. Pelo menos ele me ouve. Você não. Bem que me avisaram para não perder tempo conversando com pinguins. Bye!

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