Quando
repassamos os fatos históricos que marcaram o princípio e o fim de
épocas gloriosas ou de decadência, e o entendimento se põe a meditar
sobre o que cada um deles significou e significa para a reflexão dos
homens, experimentamos, sem que possamos contê-lo, um sacudimento
espiritual, uma alegria que vem junto a uma aflição e, sobretudo, a um
anseio de ser útil à humanidade.
Esse
anseio é, precisamente, o que impulsiona os seres humanos a melhorar
suas condições e qualidades, num amplo e generoso gesto de superação
espiritual. E é nesse afã que os homens encontram seus melhores
estímulos e as mais nobres inspirações de bem.
Mas
a humanidade, que se agrupa em raças ou povos de diferentes idiomas e
hábitos, pertencentes, sem exceção, ao gênero humano, está formada por
grandes massas de diversos tipos psicológicos, distanciadas entre si
mental e espiritualmente, de acordo com o grau de adiantamento que umas e
outras acusam, e de acordo com os costumes, crenças ou inclinações de
seus pensamentos. No seu todo, isso estabelece, dentro desse conjunto,
diferenças que às vezes culminam em antagonismos extremos, e que são
causa, desde tempos imemoriais, dos tantos conflitos produzidos no
mundo.
Os conflitos, com o passar dos anos e dos séculos, foram aumentando o volume das contendas
e dos desastres, restando como saldo fragmentos de humanidade
Queira-se
ou não, isso veio debilitando o homem e, até se poderia dizer, afastou
de suas possibilidades a grande figura arquetípica de seus elevados
destinos.
Isto
tem muito a ver com o abandono a que, incompreensivelmente, a
humanidade parece ter-se entregado no curso dos séculos, abandono de
suas condições e qualidades e, sobretudo, da disposição para atender à
única realidade que dá expressão à sua existência: a consciência.
Ultrapassado
o limite de todos os desejos e exigências que costumam determinar o
conjunto das aspirações humanas, e ainda de suas razoáveis ambições, o
ser humano, numa quase permanente agitação, foi se submergindo pouco a
pouco na inconsciência, provocando um obscurecimento que, sutilmente foi
embriagando sua razão, até convertê-la num instrumento que justifica,
aos olhos das outras pessoas, os erros ou desvios em que esse ser
incorre.
Devolver,
portanto, à humanidade o pleno gozo de suas faculdades e o uso
consciente de sua razão deve ser e é o maior imperativo do momento
atual.