A Teologia do Pacto costuma ser encontrada em um contexto de outras doutrinas e praticas erroneas
Uma última coisa
que é preciso levar em consideração é que a Teologia do Pacto quase sempre
encontrada entre cristãos que não estão bem esclarecidos em uma série de outras
doutrinas bíblicas. Aqueles que detêm esses erros da Teologia do Pacto são
quase sempre deficientes em eclesiologia (doutrina e prática da Igreja), escatologia
(eventos proféticos), e alguns dogmas de soteriologia (verdades a respeito da
salvação e suas bênçãos). Um exemplo destes últimos é que muitos seguidores da
teologia do Pacto negam que o crente tenha duas naturezas. É verdade que alguns
dispensacionalistas também trazem alguma deficiência em outras doutrinas
bíblicas, mas isso é mais acentuado com aqueles que detêm uma interpretação das
Escrituras baseada na Teologia do Pacto.
Todo
cristão precisa considerar a razão pela qual deveria aceitar aquilo que os
teólogos do pacto ensinam sobre o assunto que temos considerado neste livro,
considerando o fato de serem deficientes em muitas outras doutrinas bíblicas.
Apenas isto já deveria deixar um cristão sincero de sobreaviso. As Escrituras
dizem, “Examinai tudo. Retende o bem.”
(1 Ts 5:21). A verdade é que os teólogos do Pacto estão errados a respeito de
Israel, e eles estão errados a respeito da Igreja de Deus. Cerca de 70% das Escrituras
falam de Israel, e apenas 10% ou 15% falam da Igreja. Isto significa que se as
pessoas estiverem erradas a respeito de Israel e da Igreja elas estão erradas a
respeito da maior parte da Bíblia!
Os efeitos negativos da Teologia do Pacto na vida pratica crista
Apresentamos
agora a nossos leitores algumas considerações práticas para que possam ponderar
na presença do Senhor quanto à seriedade desse erro.
Podemos ficar
tentados a achar que a Teologia do Pacto não seja importante por não causar uma
diferença real na vida prática de alguém. Todavia, isto não é verdade. Para
andarmos corretamente devemos crer corretamente, pois nossa doutrina afeta
nosso andar. Uma doutrina errada leva a uma prática errada. Paulo escreveu: “Evita os falatórios profanos [má doutrina],
porque produzirão maior impiedade [práticas ruins]. (2 Tm 2:16).
Semelhantemente, a boa doutrina leva a boas práticas. Paulo também escreveu: “Se alguém ensina alguma outra doutrina, e
se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a
doutrina que é segundo a piedade...” (1 Tm 6:3 ver também Tt 1:1). Portanto
nos sentimos na incumbência de avisar cada cristão de que essas más doutrinas
do Pacto terão um sério impacto negativo na vida de cada um, caso as sigam com
convicção. A seguir damos alguns exemplos:
Primeiro, em Efésios
1:8-10 lemos que Deus tem prazer em levar os cristãos a uma comunhão
inteligente com Ele próprio no que diz respeito aos Seus planos visando a
glorificação pública de Seu Filho em duas esferas — nos céus e na terra.
Todavia os seguidores da Teologia do Pacto não podem ter uma comunhão
inteligente com Deus no que diz respeito ao Seu programa presente e futuro de
glorificar publicamente Seu Filho, por crerem em algo totalmente estranho a isso.
Em segundo
lugar, ao negarem que o Senhor pode voltar a qualquer momento (no
Arrebatamento), como fazem os seguidores da Teologia do Pacto, eles levam os
crentes a se acomodarem à terra se tornando mundanos (Mt 24:48-49).
Em terceiro
lugar, o fato de acreditarem que as condições do reino milenial, conforme
apresentadas pelos profetas do Antigo Testamento, seriam criadas pelos esforços
do evangelismo cristão (e não pelo juízo conforme afirmam as Escrituras, por
exemplo, em Isaías 26:9), pode levar os crentes a se envolverem com a política
e a melhoria dos programas seculares em seus esforços de endireitar o mundo e
ajudar a estabelecer o reino em justiça. O resultado disso é que a ocupação dos
cristãos acaba sendo com a terra.
Em
quarto lugar, a Teologia do Pacto ofende e enfurece os judeus, fazendo com que
se oponham ao evangelho da graça de Deus, pois essa teologia apresenta o
evangelho como algo que tira de Israel sua esperança nacional de uma herança
literal em sua terra prometida. Isso só dificulta ainda mais alcançar os judeus
hoje com o evangelho. Apesar de nada poder impedir a soberania de Deus em
salvar almas, humanamente falando somos responsáveis de não por tropeço diante
do cego (Lv 19:14). Por outro lado, a verdade dispensacional não interrompe o
plano de Deus de abençoar Israel em sua herança terrena. Ela nada tira deles,
no que diz respeito às suas esperanças nacionais. Aqueles daquela nação que se
converterem pelo Evangelho do Reino no futuro receberão literalmente a herança
terrena prometida no Antigo Testamento. (Evidentemente aqueles dentre os judeus
que hoje crerem no evangelho serão feitos membros do corpo de Cristo, a Igreja,
e receberão uma “porção” celestial em Cristo, o que é melhor — At 26:18; Ef
1:3; Cl 1:12).
ROMANOS 16:25-26
ROMANOS 16:25-26 — “Ora,
àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação
de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos
esteve oculto, Mas que se manifestou agora, e se notificou pelas Escrituras dos
profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para
obediência da fé”.
Os teólogos do
Pacto apontam para a declaração “pelas
Escrituras dos profetas” para mostrar que as coisas reveladas no Mistério
encontram-se nas Escrituras do Antigo Testamento. Eles acreditam que os “profetas” aos quais Paulo se referia
eram os profetas do Antigo Testamento.
Todavia
não seria possível Paulo estar se referindo aos profetas do Antigo Testamento ali,
pois ele tinha acabado de dizer no versículo 25 que essa linha de verdade havia
sido mantida oculta (ou “silenciosa”
na versão JND) daqueles da época do Antigo Testamento. Por isso ele só poderia
estar se referindo aos escritos proféticos que teriam sido produzidos em algum
momento após o Antigo Testamento ter sido completado. Estas seriam as
Escrituras proféticas do Novo Testamento que estavam para ser escritas. A
passagem poderia ser melhor traduzida como “por
proféticas Escrituras” ao invés de “pelas
proféticas Escrituras”, que aponta para o fato de que estes escritos não devem
ser confundidos com as escrituras proféticas do Antigo Testamento. Infelizmente
confundi-las é exatamente o que os teólogos do Pacto têm feito.
EFESIOS 3:4-5
EFÉSIOS 3:4-5 — “...o
mistério de Cristo, o qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos
homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e
profetas”.
Os teólogos do
Pacto colocam seu foco nas palavras “como
agora tem sido” desta passagem, e insistem que a verdade do Mistério era
conhecida nas outras épocas, mas não “como
agora tem sido”. Eles acham que aquelas coisas teriam sido reveladas nos
tempos do Antigo Testamento, mas simplesmente não teriam sido entendidas por
aqueles que viveram então (1 Pe 1:9-12).
Todavia, esta
interpretação do versículo 5 contradiz o resto do contexto, que segue dizendo
que a verdade do Mistério estava oculta
“desde os séculos” ou princípio do
mundo (Ef 3:9). Portanto, ela não era conhecida dos santos do Antigo
Testamento. Se os santos do Antigo Testamento a conhecessem — mesmo que fosse
apenas um pouco — ela não estaria oculta, e esse silêncio concernente ao
Mistério, do qual Romanos 16:25 fala, não teria existido.
O
erro vem de um simples equívoco na interpretação das sutilezas da linguagem.
Paulo estava usando a frase “como agora
tem sido” com a finalidade de comparar duas coisas — a ausência do
conhecimento concernente ao Mistério da parte daqueles vivendo “noutros séculos” e aquilo que “agora tem sido revelado” por intermédio
dos apóstolos e profetas do cristianismo. Costumamos igualmente utilizar a
palavra “como” com o mesmo objetivo
quando comparamos coisas. Podemos falar de uma coisa como oposta a outra coisa. Isto não significa que as coisas que
estamos comparando sejam iguais, mas sim que são opostas. As palavras “como agora tem sido” poderiam ser
interpretadas de uma ou outra maneira, mas à luz de passagens como Romanos
16:25, Efésios 3:9 e Colossenses 1:26 — que declaram que a verdade do Mistério
estava escondida — a única maneira lógica de isso ser interpretado é no sentido
de um contraste. Portanto é um erro achar que Paulo quis dizer que os santos de
outras épocas tivessem uma revelação parcial das coisas que estavam escondidas
no Mistério.
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